sábado, 12 de maio de 2018

Flambarda - A Detetive Elemental #9

Depois que Flambarda se tocou. Era sábado, não havia aula naquele dia e sua mãe realmente teve que trabalhar porque vida de empreguete é isso mesmo. Sua mãe não ia fazer almoço hoje então ela ia ter que se virar na cozinha. O problema é que ela não sabia cozinhar, então certamente não ia comer nada gostoso, mas o futuro já chegou, hoje em dia até a laranja já vem descascada, então por que se preocupar né?

O problema é que a laranja não vem descascada no Brasil, então ela ia ter que se preocupar sim. Ela ligou de novo o som, só que essa vez colocou Maiara e Maraisa pra poder curtir a sofrência. Ela sabia que tinha varios miojos no armáro para esse tipo de situação, e ainda havia sobrado mortadela então seria tão fácil quanto dois e dois são quatro, mas ela tinha que resolver inovar porque já ta tudo dando errado mesmo, então pelo menos que desse errado pelos motivos certos.

E foi ela ver na internet como é que se flambava uma banana. Não parecia tão difícil vendo o homem fazendo no vídeo no youtube, mas vamos as prioridades. Ela precisava saber se a mão direita estava em ordem mesmo, então pegou uma faca e foi picar a mortadela fazendo a técnica da dobra, ou seja, dobrou a mortadela algumas vezes, cortou, e colocou a mortadela picada numa cumbuca, ela não tinha colocado a água pra ferver ainda, mas o fez logo em seguida. Esperou ferver, fez o miojo colocou a mortadela e comeu o miojo na panela mesmo ao som de 10%. Obviamente ela não se aguentava e cantava junto.

E então chegou o momento que ela tanto havia se preparado psicologicamente. Descascar a banana era a parte fácil, ela cortou também como havia visto o Caio Novaes fazendo no video, só que ela não tinha açucar mascavo então tacou açucar normal mesmo só que em menor quantidade. Chegado o momento de flambar, ela colocou o conhaque na frigideira, mas se enrolou achando que o negócio ia escorrer e foi aparar com a colher de pau e acabou flambando o conhaque e a colher e a mão juntas dando um belo grito de susto e jogando a colher em chamas no chão.

Só que, a mão dela saiu intacta do fogo, como se não tivesse queimado. Ela pegou a colher de pau mesmo em chamas e até sentia o calor emanando da colher, mas não chegava a sentir nenhum tipo de dor, depois aproveitou que o conhaque não havia evaporado e colocou a mão no fogo, muito quente mas nem um pouco intimidador. Ela pensou - "Caralho, será que eu não queimo mais!?" - e meteu a mão dentro do conhaque em chamas. Nada aconteceu, exceto que o conhaque terminou de evaporar.

"Ok, isso está ficando cada vez mais louco. Eu tenho que sair com elas logo antes que eu fique maluca." - Flambarda aproveitou o raciocínio e entrou no Facebook pra falar com Bibi e Sofia, e para sua felicidade ambas estavam online. Elas combinaram de se encontrar no Botafogo Escada Shopping de novo pra ver se dessa vez rolava o rolê, mas ela pediu para ser buscada na estação de Saens Peña porque seu azar estava atingindo proporções astronômicas e ela realmente não queria sair de casa sem companhia. Bibi se ofereceu para ir buscá-la em 2 horas.

A banana acabou esfriando mas ela não tinha sorvete pra comer junto com a banana então não foi de todo ruim, e no final estava realmente gostosa. - "Da próxima vez eu mostro isso pra Bibi e pra Sofia."- Mas agora ela precisava focar em se arrumar pra poder arrasar porque você pode estar caindo, mas se vai cair que pelo menos caia atirando. Ela botou aquela meia 7/8 preta, sneaker, camisa roxa decotada, saia média preta, com um shortinho preto por baixo também, um colar de prata pra chamar atenção, e prendeu o cabelo com uma piranha preta. Tinha umas raízes pretas saindo mas que se dane, o resto compensa. As unhas também foram cuidadosamente pintadas de lilás.

Fabiana estava um look mais funkeira. Shortinho jeans, camiseta verde também decotada, também de sneakers e óculos escuros; também foi com cachos dignos de Juliana Paes, e uma pequena bolsa de mão que parecia ser de couro. Ela nem precisou interfonar pra casa da Flambarda porque o porteiro já a conhecia, tanto como conhecia Sofia. Ela chegou logo dando uns porradões na porta.

- Tá pronta, amiga!?
- Já vai Bibi! Deixa só eu pegar uma coisas aqui. - Ela estava terminando de arrumar aquela mochila surrada pra fechar o conjunto roqueirinha, e olha que nem havia passado maquiagem. Foi a primeira coisa que Fabiana notou quando ela abriu a porta.
- E a maquiagem?
- Ah, eu boto um batom no caminho! Simbora! - Ela disse, fechando e trancando a porta.
- Ta arrasando, hein gata? - Disse Bibi conforme elas se dirigiam ao elevador.
- Oxi, eu? E você que tá derretendo corações por aí? - O elevador se abriu e lá estava o taradão do 404.
- Meninas! O meu apartamento fica para lá! - Disse o taradão depois de passar por elas.
- Ve se te enxerga! - Flambarda não estava afim de levar desaforo pra noitada.
- Quanta agressão! - Disse ele enquanto as portas do elevador se fechavam.
- Ta podendo, hein!? - Comentou Bibi.
- Ah não to com cabeça pra esses putos não.

Flambarda notou que as luzes de Fabiana dançavam alegremente pelo seu corpo, em tons mais metálicos e vermelhos. Ela olhou perdidamente para amiga por um segundo e depois voltou a si. Ela sentiu como se já tivesse sido capaz de ver as mesmas luzes porém em tons diferentes, mas preferiu balançar a cabeça e retornar a realidade. Foi bem no momento que o elevador chegou no térreo. - Vamo, Flam! - Disse Bibi rebocando-a em direção ao metrô. Ela certamente queria falar mais um monte de coisa no caminho.

- Mas o que que aconteceu na quinta, miga?
- Se eu te contar você não acredita.
- Fala logo de uma vez, mulher!
- Então, o metrô descarrilou, aí tinha um cara muito sinistro. Tipo o cara parecia mais mal que o Lord Zedd.
- Nossa. Desenterrou, hein.
- É, só que ele tava vestido de preto e tinha uma risada medonha. Ficamos eu, ele e o condutor por último pra sair. Só que eu não entendi muito bem o que o filho da puta queria porque ele me jogou pra longe e bateu no condutor.
- Ih caralho.
- Pra piorar deve ter dado uma pane elétrica que o vagão que descarillou começou a pegar fogo.
- Uai, não deu notícia nenhuma de pane elétrica do metrô.
- Não?
- Não. - Ela disse conforme Flambarda enchia o cartão pré-pago.
- Bom eu sei que eu fiz uma coisa muito estúpida mas que no final deu certo. Dei uma porrada no Lord Zedd, e carreguei o condutor pra fora de lá.
- E desde quando você sabe brigar? - Disse Bibi passando pela catraca.
- Pois é né! - Agora Flam passou pela catraca. - Eu devo ter dado um soco muito tronxo, mas deu certo. Bibi, eu tava muito desesperada pra sair de lá, eu não faço a mínima idéia do que me deu na cabeça pra querer salvar aquele cara.
- Paixão? - Ela disse rindo entrando no metrô.
- Ta mais pra desgosto porque eu vivo encontrando aquele puto. - Elas deram sorte e tinha lugar pra elas duas.
- O cara que você salvou?
- É! E ele é chato pra caralho! Só faz piada horrenda!
- Alguma coisa você viu nele, Flam.
- Então abre meu olho amiga, porque eu fiquei cega. - E riram juntas. Ficou um momento de silêncio perfeito pra Flambarda passar aquele batom vinho escuro pra fechar o look. - Ah! E nem te contei. A luva tava pegando fogo quando eu soquei o cara.
- Sério!? Você deu uma de Kyo!?
- Pois é, mas eu gosto mais do Iori.
- Tem que aprender a fazer o "ussã" então.
- Pois é....
- Que mais?
- Agora nada, deixa eu guardar senão eu vou ter que repetir tudo pra Sofia.

Elas fizeram uma viagem tranquila de metrô até a estação de Flamengo. Aproveitaram pra chegar o Facebook, tirar umas selfies pra botar no Insta, deram ums stalkeadas, mas até então Flambarda estava dando graças a Deus por finalmente ter conseguido sair de casa sem ter tido uma reviravolta de proporções épicas.

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