terça-feira, 22 de maio de 2018

Flambarda - A Detetive Elemental #15

Foi um sonho bom e instrutivo, e ver que ela era capaz de fazer exatamente da forma que o rapaz falou. Ela ficou tão feliz que decidiu que ia na academia hoje. Hoje aquele bando de gostosa sarada não ia casar depressão nela nem por um caralho. Ela botou seu "uniforme"  na mochila, mas foi com a roupa de academia rosa que ela havia comprado há 2 anos atrás. Ela não gostava muito porque essas roupas eram feitas justamente pra acentuar as curvas, ou a falta delas, mas como ela mesmo havia pensado: "Foda-se"

Ela ajudou a mãe a armar a mesa pro café da manhã e fez o desjejum com ela apesar da desavença da noite passada. As coisas estavam indo tão bem que Flambarda até ficou estupefacta quando sua mãe disse:

- Desculpa.
- Pelo que mãe?
- Te assustei ontem com a faca.
- Ah, relaxa, eu que peço desculpas por não conseguir tirar a luva.
- Mas como é que essa luva entrou aí pra início de conversa?
- Olha mãe, eu vou pedir pra você enconstar na parede.
- Por que?
- Porque você vai cair pra trás.
- Até parece que você me surpreende, filha.
- Ok então.

Flambarda levantou as mãos e fez um gestual como se fosse fazer um truque de mágica dizendo: "Nada nessa mão, e nem nada nessa." Daí ela fez uma dancinha com as mãos, levantou a direita e ativou a luva, fazendo ela pegar fogo.

- Pera, desde quando você tá fazendo curso de mágica.
- Que!? - Flambarda ia contar a verdade mas preferiu levar na história da mãe. - Ah sim. Faz um tempo e é por isso que eu tenho saído bastante de noite.
- Aaaaaaaah. Então agora tá explicado, mas e a luva?
- Bem, ela foi colocada por um mágico lá.
- E por que não sai?
- Porque só ele sabe o truque pra tirar, infelizemente.
- Mas que filho da puta... Onde ele mora?
- Eu não sei, mas até agora tudo o que ele me ensinou ta dando certo.
- Tipo esse truque aí?
- Isso!
- E como funciona?
- Ah mãe. Segredo de mágico. - Ela riu e se levantou para tirar a mesa do café.
- Hm... Só quero saber quando esse babaca vai tirar a sua luva.
- Ele disse que falta pouco. - Ela mentiu na cara dura.
- É bom mesmo. Vamos, filha?
- Ah sim! - Ela terminou de lavar as xícaras e por no escorredor, e zarpou junto com a mãe.

Conforme elas estavam de costas para o corredor, a detetive levou um tapa na bunda do taradão do 404, conforme ele provocava - êêê danadas! - mas dessa vez Flambarda ficou num misto de raiva com orgulho pois ela não gostava muito de seu corpo naquelas roupas, então era um assédio mas ao mesmo tempo era um elogio, o que gerou uma certa confusão na sua cabeça, mas não na cabeça de sua mãe que prontamente respondeu: "Danada é a tua mãe, seu filho da puta!"

No portão elas se despediram, e Flambarda foi pra Smart Fit da Saens Pena conforme havia planejado. Ao chegar ela já foi abordada pelo recepcionista que também era saradão.

- Flambarda, a mulher com nome de super heroína! Tudo bem?
- Oi, Paulo! Tudo bem e contigo? - Ela respondeu apoiando a bolsa sobre o balcão para procurar o cartão.
- To bem também. Vai levar a academia a sério agora?
- Depende. Se a academia me levar a sério... - Ela brincou.
- A gente te leva, pow! A gente quer você aqui todo o dia! Você que fica enrolando!
- Fala sério, Paulo! Tanta série pra ver tu acha que eu vou ficar na academia?
- Claro! Aqui na hora do almoço a gente vê a Naspolini.
- Aí eu realmente tenho que dar o braço a torcer e... - Ela fez uma pausa porque viu que estava dando o comercial para Ana Maria Braga. - ...e entrar pra não perder Anamaria. - Disse ela passando pela catraca.
- Luva maneira essa, hein?
- Ah! Obrigada!

Como era de se esperar, Flambarda guardou o cartão, colocou a mochila no armário, e foi direto para a esteira. Ela tinha uma quedinha pelo Paulo, o que a lembrou que não poderia fazer muito esforço ou aquela maldita luva provavelmente iria acender sem que ela quisesse, então precisava fazer algo leve e descontraído, e seu plano parecia estar dando certo. Seria uma forma ótima de passar o tempo e esperar que suas amigas acordassem pra ela pode ligar pra encher o saco delas.

Só que ela tinha problemas em dobro, porque volta e meia passava aqueles homens gatos que despertavam o desejo e ela precisava se focar, agora que ela tinha alguma noção de como a luva funcionava, o que estava ficando bastante difícil. Depois de 1h de esteira ela pensou em descansar um pouco. Ela ficou uns 10 minutos se perdendo entre a próxima coisa que ia fazer e os homens que passavam pra lá e para cá. Flam não estava reparando nem um pouco nas saradonas porque estava decidida de que elas não iriam estragar seu dia.

Mas outras coisas poderiam arruinar quando ela viu que o jornal estava dando a notícia de que ocorreu um alarme de incêndio falso no shopping de botafogo no sábado, e que a polícia e os bombeiros investigavam o que poderia ter sido, especialmente o que causou uma rachadura na parede do shopping. As pessoas da academais estavam tão atônitas que não perceberam que a luva de Flambarda acendeu, mas ela percebeu e foi direto pro banheiro pra tentar se acalmar. Só que deu de cara com uma mulher lá, e aí que ela suou frio porque ela não sabia o que responder, e pra piorar a situação a mulher saiu de lá sem nem perguntar nada depois de lançar um olhar que parecia ser particularmente reprovador. Isso fez a ansiedade dela subir muito fazendo-a se trancar em uma das cabines semi desesperada.

E pra piorar, roupa de mulher não tem bolso, então o celular dela ficou dentro da mochila que estava dentro do armário. Mil perguntas passaram pela mente ansiosa dela, até a possibilidade da pessoa ser de uma casta alta da SDRJ, o que não estava ajudando a baixar a chama. Ela respirou fundo, tentou controlar a própria energia mas não estava conseguindo o que gerava ainda mais desespero.

Quando voltou a realidade, ela estava no chão da academia com 2 personais e uma mulher observando-a. Ela ainda estava atordoada e não fazia a mínima idéia de como foi parar lá, mas foi abordada assim que abriu e piscou os olhos pela primeira vez. A voz que falou com ela foi feminina.

- Ei! Você tá bem!?
- Oi? - Flambarda ainda estava atordoada, e não reconheceu que era a mesma mulher com quem cruzara no banheiro.
- Tu sabe onde cê tá?
- Eu... - Ela olhou em volta e viu que estava na academia. - Eu tô na academia... - Ela notou também que estava no chão. - O que que eu to fazendo no chão?
- Você desmaiou no banheiro. - Ela disse quase sem emoção.
- Ah! - La vinha a ansiedade, mas pra se segurar ela deu um golpe no chão. Não doeu mas ajudou a manter o foco. - Nossa, eu acho que eu to precisando comer. Eu acho que vou fazer o meu pós-treino.
- Consegue se levantar sozinha? - Ela disse conforme as pessoas abriam espaço.
- Acho que sim. - Flam se levantou devagar mas sem problemas e foi no armário pegar a mochila.
- Quer ajuda com alguma coisa?
- Eu acho que não mas muito obrigado! - Ela disse disfarçando a ansiedade da melhor forma possível.

Flambarda ia direto da academia pra faculdade. Ela foi ao vestiário tomar banho pra poder chegar lá pelo menos levemente perfumada. Havia uns gemidos meio estranhos vindo de algum canto do vestiário mas ela ignorou, tomou o seu banho e caiu fora. Ela desceu no metrô e parou na barraquinha do bobs antes de ir pro centro. Ela pegou um Maltine grande pra segurar a fome. Depois quando chegasse no centro ela pensava no que mais comeria. No momento ela só conseguia pensar na mulher com quem encontrou no banheiro da academia.

"Nada. Ela olhou nítidamente pra esta porra pegando fogo e não esboçou uma mínima reação. Como se aquele tipo de coisa não fosse capaz de impressioná-la. Caralho esta porra acontece comigo direto e continua me impressionando. Que tipo de pessoa era aquela?"

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