domingo, 13 de maio de 2018

Flambarda - A Detetive Elemental #10

O que Flambarda não sabia era que uma reviravolta já estava para acontecer, e seria no próprio shopping, mas já havia ligado pra sua mãe pra avisar que estava indo pra lá. Elas saíram da estação de metrô e foram andando de mãos dadas porque mulher pode fazer isso sem necessariamente parecer um casal lésbico, apesar da imagem ter povoado o pensamento dos homens fetichistas que passavam por ali. Sofia já estava na porta do shopping ligando para Bibi para saber onde elas estavam, sendo que elas estavam há uns 500 metros.

- Alô, Sofia?
- Cadê vocês, suas putas?
- A gente tá chegando!
- Não perguntei isso!
- Mas a gente já tá chegando. - Flambarda e Bibi pegaram Sofia pelas costas.
- Mas onde, porra!? - E o telefone foi desligado bem na cara dela.
- Aqui! - Disse Flambarda estendendo os braços para abraçá-la
- Aeeeeee, porra! - Ela retribuiu o gesto adicionando os dois beijinhos clássicos dos cariocas. - Hoje é tudo nosso! - E depois ela cumprimentou Bibi da mesma forma que Flambarda.
- E aí, cês tem alguma idéia do que a gente vai fazer?
- Vamo entrar logo, Flam. Lá dentro a gente dá um jeito. Tô com fome, cacete! - E Bibi rebocou as duas pra dentro do shopping.

Sofia também estava arrasante do seu jeito, as 3 com estilos completamente diferentes. Sofia fazia um estilo mais chique com uma saia longa branca florida e cortada, salto anabela, e uma camisa estampada no estilo tomara que caia mas com a alça invisível para evitar o olhar faminto da torcida. O cabelo de sofia era uma trança no mais puro estilo Elsa, só que o cabelo dela não era grisalho, mas também era moreno como o de Bibi. Na visão de quem as vê de frente, Flambarda era a mais alta das três e andava no canto esquerdo. Bibi a mais baixinha ficava no centro e Sofia no canto direito. As luzes de Sofia também brilhavam mas em um tom ciano, as vezes se dividindo em luzes azuis e verde.

Flambarda já estava começando a abstrair esse show de luzes que sua vida se tornara e passou a focar apenas naquelas mais chamativas, como as de suas amigas, mas mesmo assim ela não conseguiu evitar a carga de luzes dentro do shopping, e ficou atordoada por um breve momento, mas conseguiu disfarçar bem.

- Aqui, bora no BKzão. - Já sugeriu Flam.
- Po, Flam, BK? Hoje é dia pra tomar uma cervejinha. - Retrucou Bibi.
- Vamo no Bullguer então. Lá tem chopp.
- To dentro!
- Simbora! - Concordou Sofia.

Elas se sentaram numa mesa para quatro e foram rapidamente atendidas por uma jovem que era lésbica e curtiu o estilo da Sofia. Como Flambarda e Bibi já tinham em mente o que queriam e foram mais rápidas pedindo, ela se aproveitou e já cantou ela na cara dura. - "E você, gata. Que que você quer?" - Não que isso fosse um problema pois Sofia era bissexual, mas ela não demonstrou um interesse recíproco, deixando-a apenas com o seu pedido.

E para infelicidade de Flambarda, Rodney estava chegando no mesmo lugar e quase não foi capaz de reconhecê-la devido a indumentária, mas como ele era cara-de-pau ele saiu se intrometendo no meio do assunto das meninas.

- Flam! - Flambarda viu e fez uma cara de surpresa misturada com desprezo - E aí garota! Quem diria?
- Oi Rodney...
- Nossa Flam, que oi xoxo. - Bibi, por alguma razão se interessou por Rodney. - Oi Rodney, perdoe a educação da nossa amiga aqui. Eu sou a Fabiana, muito prazer. - Ela dise, levantando-se e cumprimentando ele com dois beijinhos.
- Prazer, Fabiana. E você é... - Ele se dirigiu a Sofia.
- Eu sou Sofia Benks. E não, eu não tenho nada a ver com a Tyra Banks. - Sofia deixou apenas um aperto de mão.
- Ah, prazer, Sofia. E você Flambarda? Não vai falar comigo?
- Já te disse oi. - Ela respondeu.
- Nossa, Flam. Porque você tá assim? -  Perguntou Bibi.
- Por causa dele.
- Dele?
- É.
- Que que ele te fez!?
- Ele não me fez nada, mas sempre que ele aparece alguma coisa ruim acontece.
- Ta de sacanagem né, Bibi?
- Esse puto era o condutor do metrô que descarrilou!
- Po, Flam. Sério que você já vai espalhar meus podres mesmo? - Ele retrucou.
- E porque não contaria!?
- Calma, Flam. - Pediu Sofia. Um instante antes do alarme de incêndio disparar.
- Aí! Viu!

As pessoas começaram a sair do shopping de uma forma semi-quase-desordenada. Só que Flambarda percebeu um lugar onde as luzes dançantes na verdade eram repelidas, e infelizmente pareciam vir exatamente em uma área restrita do shopping. - "Provavelmente de onde dispararam o alarme de incêndio."- Ela pensou, e até estava certa, o que ela não conseguia dizer é de onde surgiu o impeto para ir justamente lá investigar esse tipo de coisa. Bibi, Sofia e Rodney viram Flambarda disparar naquela direção e foram atrás dela.

- FLAM! ENDOIDOU DE VEZ!? - Gritou Bibi.
- Não! Há algo errado que não está certo! E eu vou descobrir! - Ela respondeu, parecendo particularmente calma.

Rodney demorou um pouco mais para sentir a presença espiritual do "Nada", e quando o fez disparou para tomar a frente de Flambarda que infelizmente já havia aberto a porta, apenas para encontrar um homem pequeno, de porte atlético, cujas luzes emitiam quase nenhuma luminosidade. Ele usava um capuz de chuva, provavelmente porque não tinha dinheiro pra comprar um capuz de fato, uma calça jeans bastante surrada, e um all-star também bastante gasto. Aos poucos ele foi se virando revelando um olhar arrepiante similar ao de uma cobra, barba e cabelo bastante espessos parecidos com o de um morador de rua, e uma camisa do Black Sabbath.

- Finalmente uma oponente digna.
- Que?
- Para trás, Flam! - Gritou Rodney tomando as frentes.
- Ah! Rodney Simões. - Ele deu um respiro profundo. - Bons tempos na SDRJ, hein?
- Valdir de Souza. - Rodney também deu um respiro fundo. - O que você está fazendo aqui?
- Você conhece ele? - Interrompeu Flambarda.
- Sim.
- Sim! Ele conhece! - Respondeu Valdir.- E ele sabe muito bom porque eu estou aqui.
- Em busca de um oponente digno, não é? - Retrucou Rodney.
- Sim! Grrrrrrrr! - Valdir efetivamente rosnou, similarmente a um lobo. - E nada melhor do que uma portadora de um Luvetal!
- Flam, saia! - Ordenou, Rodney.
- Rodney, seu puto! - Ela ia reclamar algo mas foi interrompida.
- Eu disse, saia!

Quando Rodney ordenou pela segunda vez, Valdir já havia armado o ataque. Parecia até um animê, mas a ação foi ridiculamente mas rápida. A corrida, o salto, o grito - "Garras de Lobo!" - as 3 defesas executadas por Rodney e um golpe de ombro que lançou Rodney para trás sobre a própria Flambarda. Eles caíram deslizando pelo chão do shopping, que mais parecia uma série de corredores conectados por escadas. Já seu oponente vinha andando lentamente em direção a eles, enquanto o desespero da situação acendeu as chamas da luva de Flambarda.

- Uma ombrada? Como assim? - Disse Rodney, se levantando.
- Você me conhece Rodney, e eu conheço que você me conhece, mas você certamente não me conhece completamente.
- O que você quer? - Disse Rodney se colocando em posição de combate tentando proteger sua recém conhecida.
- Não se faça de tolo, Rodney! Apenas saia do meu caminho e deixe-me ver o poder de um Luvetal!
- Ela é uma criança ainda! Essa é uma luta completamente injusta!
- Ela parece ter mais de Vinte e Cinco.
- Vinte e Cinco é a puta que te pariu, seu merda! - Disse Flambarda já de pé e jogando Rodney para escanteio. - Você não quer brigar comigo? Então vem pro pau! - A luva se inflamou fazendo as chamas tomarem quase o seu braço inteiro.
- VOCÊ CHEIROU MACONHA OU FUMOU COCAÍNA, SUA PUTA!? VOCÊ VAI MORRER! - Gritou Bibi, que correu em direção a sua amiga, mas parou abruptamente no meio do corredor.

Fabiana parou porque Valdir correu e lançou Rodney contra a escada rolante com um arremesso quase que completamente imprevisível e, logo em seguida, segurou Flambarda pelo pescoço contra a parede de vidro do shopping.

- Então é só isso que o portador de um Luvetal pode fazer!? Que patético...

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