terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Polêmica #6

Você adotaria uma criança?

Calma. A pergunta é sincera mas eu não vou te odiar pela sua resposta, independente de qual seja. A questão é que adoção já é uma coisa complicada e é um direito pelo qual os casais homossexuais vem lutando há algum tempo. Coloquem as cartas na mesa. Hoje é dia de polêmica!

Adotar parece ser um gesto gentil. Será que isso sempre será um ato nobre? O que será que se passa na cabeça das pessoas que fazem isso? Qual é a burocracia? Existem muitas questões a serem respondidas e elas exigem algumas pesquisas de nossa parte. Especialmente por causa das questões legais.

Existe algum aumento conta a adoção? Sim existe. Na verdade existem verdadeiros mercados de crianças. Veja bem, quando uma mulher concede um filho, apesar de todo o aparato científico que existe para saber coisas antes que a criança de fato tenha nascido, existe uma parcela de incerteza a respeito dos defeitos e qualidades do recém nascido. Se você vai em um lugar onde você tem a oportunidade de saber como as crianças se comportam antes mesmo de adotá-la, você está pulando uma parte importante da paternidade/maternidade eliminando as qualidades indesejáveis do que seria seu novo filho através da possibilidade da escolha. Se você coloca uma pessoa com más intenções para tal, é capaz da adoção acontecer para a criança se tornar cúmplice de crimes. 

Parece absurdo, mas essa questão bate justamente contra os argumentos sociais usados para justificar a adoção. Alguém que o faz vai tirar a criança do orfanato e vai colocar aonde? Você sabe? Se fosse você adotando certamente saberia, mas não estamos falando só de você. Existem pessoas que adotam e depois querem devolver o filho, fazendo a criança passar por um segundo abandono. Adotar uma criança não é uma questão de salvar uma vida.

E qual é o problema com os casais homoafetivos? Por que eles não podem adotar uma criança? Bom, quem decide se a criança vai ou não ser adotada é o juiz e ele pode tomar qualquer fator como critério para sua decisão. Um dos critérios é a renda dos adotantes, que pesa nessa decisão, apesar de não existir um valor mínimo de renda como regra para adoção. A injustiça é que até viúvos podem se candidatar para a adoção, mas os casais homoafetivos não.

E existem um bocado de crianças para a adoção. Entenda que permitir a adoção para os homossexuais pode reduzir esse número e trazer mais crianças para um mundo melhor. Isso não significa mil maravilhas. Primeiramente porque a autorização não significa que vai dar aquela galera toda no cartório correndo pra adotar uma criança, até porque já tem juiz autorizando a adoção pra essa galera. 

Agora vamos ao ponto dois que é mais delicado: O preconceito em relação aos homossexuais e porque ele se torna um impecilho. O problema para o casal gay adotar uma criança não é exatamente porque o juiz é homofóbico. Veja bem, uma criança adotada ja é estigmatizada socialmente como abandonada. Como o preconceito ainda existe contra os homossexuais, a criança irá ficar duplamente estigmatizada socialmente. Especialmente hoje em dia com a questão do bullying aflorando em todos os pontos da sociedade.

Então, tudo estará bem, até as crianças trazerem os seus problemas de escola para dentro de casa, e talvez até odiar seus pais porque são gays e por isso não consegue fazer nenhum amigo. Dá pra sacar o quão complicada pode ser a vida dessa criança? Imagine um casal gay querendo devolver a criança porque ela se tornou preconceituosa justamente contra aquilo que seus pais são.

Note que isso não necessariamente irá acontecer. Pode ser que a estrutura familiar que um casal, mesmo homossexual, cria junto com a criança seja suficiente para evitar todos esses problemas, ou então ela não conheça pessoas tão preconceituosas e consiga amigos independente de quem sejam seus pais. São dois casos a se considerar. Há pessoas que lidam melhor com a adversidade do que outras.

Acredito que conquistar esse direito é mais um passo em relação a quebra do preconceito que existe, mas acredito que a sociedade ainda precise dar muitos passos para conseguir vencê-lo. Provavelmente, se a comunidade LGBT conseguir resolver os outros problemas contra essa classe, o direito a adoção será concedido mais facilmente. É meio curioso, pois você precisa do direito da adoção para vencer o preconceito mas precisa vencer o preconceito para conseguir o direito da adoção.

Então, quando for adotar, pense bem no que você está fazendo.

Abraços!

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