domingo, 18 de janeiro de 2015

Gyff & Tsumomo #1

"Era de se esperar que fosse uma armadilha. Sempre é uma armadilha." Sua mente repetiu pelo menos três vezes enquanto corria tentando escapar daquele maldito labirinto. Se pelo menos tivesse pego uma corda, ou quem sabe um novelo de lã, seria mais fácil encontrar um caminho de volta. Mas Gyff? Gyff não faria isso, ele iria se perder, de propósito.

Estava escuro. Gyff não era capaz de ver muito bem o caminho a sua frente, apesar de ter conjurado uma pequena orbe de fogo, apenas escohia direções ao acaso. Alguma vezes passava por alguns ossos no chão. Pessoas que visitaram o lugar e não tiveram a mesma sorte que ele, Ele corria carregando um frasco de madeira. Esperava que pelo menos pudesse beber um dos melhores vinhos de sua vida depois disso. Os passos de alguma criatura se misturavam com os seus, e pareciam estar cada vez mais próximos.

Uma mão veio em sua direção, e ele rapidamente esquivou para a direita, girando seu corpo, como quem já estava pronto para fazer aquilo. O movimento rápido, inesperado, e calculado resultou em um corte bem aplicado no pescoço do minotauro que tentou golpeá-lo. O punhal que Gyff carregava em sua mão direita, era um bocado rudimentar, apesar de ser possível ler na lâmina as letras "N.S.". O giro executado fez com que ele lançasse o corpo de seu oponente por cima de seu ombro logo após aquele golpe fatal. Permitindo que ele continuasse sua corrida, antes que ele fosse alcançado por essa coisa que estava atrás dele.

Enquanto isso, em outro ponto do mundo, mais especificamente na cidade chamada Amaquabá. Uma mulher trajando um longo vestido branco enfeitado com delicadas pétalas rosas tomava um chá em uma cafeteria local, porém em uma mesa do lado de fora. Ela virava o bule cuidadosamente sobre sua xícara, enquanto olhava para as poucas árvores que floresciam ali perto. Ela pareceria uma estátua embelezando o local se não estivesse se movendo.

- Senhorita Tsumomo, você deseja mais chá? - Disse alguém do lado de dentro.
- Não é tão necessário quanto você vir aqui apreciar a beleza das suas próprias árvores, senhor Wing.

A movimentação ali parecia começar. As janelas das casas se abriam para aproveitar o vento e a luz do dia. O lugar rapidamente se encheu, e as pessoas que não conseguiram um lugar pareciam levemente frustradas por não conseguirem uma mesa. Wing anotava os pedidos enquanto Tsumomo atraía os olhares curiosos. Algumas mulheres que passavam por perto, cumprimentavam-na, já que estava próxima da rua.

Um homem de orelhas pontiagudas, bem vestido com roupas formais, incluindo uma capa vermelha, sentou-se a sua mesa, sem pedir permissão, como se ela já o estivesse esperando. Ele a fitou com seus olhos azuis e simplesmente perguntou:

- Então, em qual casa a senhora estará essa noite?


(Continua ...)

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