sábado, 24 de janeiro de 2015

Capivara Azul

Um homem estava no bar tomando um suco de laranja, sem preocupação. Seus pensamentos pareciam uma folha de papel em branco sobre a neve. O cítrico aroma de seu suco era o suficiente para atravessar aquele momento. Um garçom servia outras pessoas um tal de "galeto especial com pimenta", mas não era aquele prato que o interessava.

A chuva caía do lado de fora e ele gostava de observar pela janela. Pessoas corriam como se suas vidas dependessem de encontrar qualquer espécie de abrigo. Amontoados sob qualquer cobertura oferecida por um prédio, especialmente os shopping centers. Ele simplesmente tomou mais gole do seu suco de laranja pensando em como uma capivara azul fugiria do zoológico e ninguém foi capaz de vê-la. Nenhuma pista. Nem um mísero pedaço de pelo de capivara azul pelo caminho.

Levantou-se depois de pedir a conta, mas deixou 50 reais sobre a mesa, e um bilhete dizendo que o suco de laranja estava muito bom, apesar de terem esquecido a acerola. A chuva caía sobre sua cabeça mas não fazia diferença nenhuma. Na verdade era até bom sentir o cheiro de chuva. Ele precisava encher alguns baldes mesmo para lavar o outro balde de roupa encardida, e essa água provavelmente lhe renderia mais um dia usando a atual.

Ao olhar para o céu, ligou alguns pontos entre as estrelas e viu que elas formavam o desenho de uma capivara. As cabeças das pessoas em suas diferentes alturas sob seus abrigos também formavam desenhos de capivaras. Parecia uma louca obsessão por capivaras, apesar da obsessão pela cor azul não parecer aparecer.

Tártaro estava ficando impaciente. Parecia uma grande conspiração do universo. Ele fez a coisa mais sensata a se fazer. Voltou para casa e dormiu.

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